Benefícios, desafios e perigos da implementação de um Balanced Score Card

Enquadramento histórico
O Balanced ScoreCard (doravante designado por BSC) foi criado em 1992 por Robert Kaplan e David Norton, tendo sido desenvolvido com base na sua experiencia profissional em diversas empresas com sistemas de medição de desempenho. Nesta sua fase inicial, o BSC designado por BS Tipo I era um sistema de KPI’s (key perfomance indicators) utilizados para medir o desempenho (Measurement system):
·         Financeiros – indicadores que medem o passado e por isso não têm capacidade preditiva, designados por Lagging indicators (indicadores de resultados);
·         Não financeiros – indicadores com e sem capacidades preditivas, sendo utilizados para complementar os indicadores financeiros. Os indicadores não financeiros são compostos por designados por Lagging indicators e Leading indicators (indicadores de acção com componentes de previsão).
Por volta de 1996, este sistema evoluiu para o BS Tipo II, incorporando a vertente estratégica da empresa, passando a ser um sistema de gestão estratégica (Strategic measurement system) no qual a visão e a estratégia das organizações devem ser traduzidas nas quatro perspectivas apresentadas na imagem abaixo.


            Imagem 1 – Tradução da visão e estratégia: Quatro perspectivas (Norton, 1996)

 Contudo, o alinhamento organizacional e a comunicação da estratégia são fulcrais para o sucesso da implementação do BSC e para a concretização dos objectivos estratégicos das organizações. Desta forma, em 2004 o BSC evoluiu para o DS Tipo III passando a ser um sistema de comunicação e de execução da estratégica (Comunication and strategic measurement system).
Os BSC podem ser corporativos ou departamentais, pelo que é necessário que os objectivos estratégicos e os operacionais se encontrem alinhados. Desta forma, nos dias de hoje sente-se a necessidade da evolução para o BS Tipo IV, que preconize este alinhamento. Contudo, este é um processo bastante complexo pelo que se encontra actualmente em estudo pelos seus autores.

Benefícios
A implementação de um BSC permite às organizações identificarem, comunicarem e medirem os seus objectivos estratégicos. Destacam-se abaixo os principais benefícios da sua implementação:
·         Melhorar planeamento estratégico, através de uma perspectiva de causa efeito dos objectivos;
·         Melhorar a comunicação interna e externa da estratégia, tornando a sua execução mais eficaz;
·         Melhorar a gestão da informação através da definição e análise de KPI’s;
·         Melhorar o reporte de desempenho;
·         Melhorar o alinhamento estratégico, garantindo que toda a organização trabalha para atingir o mesmo objectivo estratégico;
·         Melhorar o alinhamento da organização, nomeadamente dos processos de budgeting, gestão e análise do risco com as prioridades estratégicas.

Desafios
O primeiro passo para a implementação de um BSC é identificarmos claramente qual a missão (“o que a organização faz”), visão (ponto de performance que pretende atingir no futuro) e estratégia da organização de forma a podermos identificar que “sensores” devemos utilizar para medir. Contudo, este processo que parece simples, por vezes é bastante complexo. Complementarmente, a maior parte das organizações toma a missão, a visão e a estratégia como algo estático, no entanto é precisamente o contrário. Estes devem ser actualizados sempre que necessário e revistos pelo menos uma vez por ano.
O BSC pressupõe a execução de acções e não apenas a sua medição. Desta forma, devem ser desenvolvidos mapas estratégicos que definam quais os objectivos estratégicos da organização (este mapa não possui indicadores), tendo em consideração as perspectivas definidas e a sua importância (p.e. numa organização sem fins lucrativos a perspectiva mais importante é a de clientes, enquanto que no sector privado a mais importante normalmente é a financeira). Estes objectivos devem descrever, de forma concisa e quantificável, o que a organização tem de efectuar para implementar a sua estratégia.

É de salientar que o BSC não substitui os sistemas das organizações. Este é apenas um conjunto de alertas e para analisarmos e compreendermos os problemas identificados temos de obter informação dos sistemas operacionais.

Pitfalls
Na implementação de um BSC existem diversos pitfalls que colocam em causa a obtenção de todos os benefícios do mesmo. Por norma estes variam de autor para autor, contudo destacam-se abaixo os mais relevantes perante os quais as organizações deverão evitar:
·         Adaptação da estratégia da sua organização para desenhar o seu BSC com base no implementado por outras empresas;
·         Não desenvolver um mapa estratégico;
·         Implementação do BSC de acordo com o template definido não o ajustando à realidade da organização;
·         Falta de suporte da Gestão;
·         Realização do desenho o BSC sem o envolvimento dos colaboradores da área operacional e dos stakeholders externos;
·         Falta de formação e comunicação do sobre os objectivos do BSC;
·         Utilização do BSC para controlo adicional sobre os colaboradores por parte Gestão;
·         Falta de recursos na implementação e manutenção do BSC;
·         Desactualização do BSC;
·         Desalinhamento entre o BSC e os outros processos de negócio.


Referências


Kaplan & Norton (1996). The Balanced ScoreCard: Translating Strategy In Action. Boston: Harvard Business School Press.
Advanced Performance Institute Website: http://www.ap-institute.com/

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(Texto da autoria de uma antiga aluna de MSIAD. Texto e imagem tirados daqui, com  os devidos agradecimentos)


Candidatar ao Mestrado em Sistemas Integrados de Apoio à Decisão (MSIAD) - ISCTE-IUL


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